quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Título

Há um problema em viver um sonho: mais cedo ou mais tarde temos que acordar. Só há um caminho para o sono eterno e nele não há sonho, não há mais vida.
Eu acordei do meu sonho, tão real, eu sei, e dei de cara com a vida sobrevoando meus olhos, me sorrindo quase como quem pergunta: "Gostou?". Desde então tenho andado em um campo minado: tudo a minha volta parece que, a qualquer momento, vai explodir meu coração.
Eu não sei de onde podem vir as armadilhas, de onde virão as lembranças que desferem seus golpes contra mim. Pode estar em qualquer lugar. Qualquer música. Qualquer palavra, flor, óculos, ônibus, lençol, fotografia, silhueta, pelo, cerveja, hábito, comida, incenso, tênis, barba, data.
Não lembro todas as coisas que me lembram você, mas elas lembram de aparecer (pra mim) pra eu não (te) esquecer.
(E por mim, tudo bem que esteja assim. Que seja assim. Machuca, mas eu sorrio.)
Talvez eu só precise contar as horas intermináveis pro dia passar, pra noite, sorrateira, chegar, pra fechar os olhos pra te ver, voltar a sonhar. Só que dessa vez um sonho não-real e com hora certa pra acabar. Talvez eu precise torcer pras horas serem intermináveis nessas horas. E pra ter fôlego ao acordar.

- Débora Fonseca.

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